\n
May he rise and smell the fragrance<\/i>, chor\u00e9graphie Ali Chahrour,
\nth\u00e9\u00e2tre Beno\u00eet-XII, Avignon In 2018<\/p>\n
\nDans\u00a0May he rise and smell the fragance<\/i>, le chor\u00e9graphe libanais Ali Chahrour revisite des rituels de deuil et de c\u00e9r\u00e9monie fun\u00e9raire de la tradition chiite. Il y a donc tous les \u00e9l\u00e9ments pour favoriser une ambiance assez rituelle\u00a0: la musique, la pri\u00e8re, le chant, la danse, la r\u00e9p\u00e9tition des gestes, l\u2019obscurit\u00e9 du plateau, et ainsi de suite.\n<\/div>\n
\n
![\"\"](\"http:\/\/insense-scenes.net\/local\/cache-vignettes\/L650xH434\/180713_rdl_0034-7434a.jpg?1531659365\")
<\/span>
\nSi lors des premi\u00e8res vingt minutes on a l\u2019impression d\u2019\u00eatre tomb\u00e9 sur un spectacle destin\u00e9 \u00e0 faire plaisir au public-consommateur du Festival (public qui souvent aime l\u2019interculturalit\u00e9, l\u2019exotique)… au fur et \u00e0 mesure de la mise en sc\u00e8ne on voit quelque chose d\u2019\u00e9trange s\u2019y d\u00e9rouler… Bien qu\u2019il s\u2019agisse d\u2019une proposition tr\u00e8s visuelle (au sens d\u2019\u00eatre compos\u00e9 d\u2019une sorte de tableaux successifs),\u00a0May he rise<\/i>\u00a0provoque notre perception d\u2019ou\u00efr. Au-del\u00e0 de la communication lorsqu\u2019on s\u2019adresse \u00e0 quelqu\u2019un… au-del\u00e0 de la mise en valeur de la signification des mots et du \u00ab\u00a0sens sens\u00e9\u00a0\u00bb (o\u00f9 le son tout simplement transmet quelque chose)… cet \u00e9trange type d\u2019\u00e9criture repose sur le\u00a0faire \u00e9tendre<\/i>quelque chose dans la salle…
\nPeut-\u00eatre que l\u2019oreille ici renvoie \u00e0 la sph\u00e8re du primitif. C\u2019est ce que P. Schaeffer nomme \u00ab\u00a0oreille sensorielle\u00a0\u00bb\u00a0: \u00ab\u00a0Je pense que c\u2019est bien artificiel, notre \u00e9coute, bien sottement moderne, et que nous \u00e9coutons la musique en intellectuels alors que nous devrions \u00e9couter toujours la musique comme des hommes primitifs\u2026 Car nous sommes toujours des hommes primitifs [\u2026]\u00a0\u00bb.\u00a0[1<\/a>]<\/span>
\nOr, la source sonore des chants-cris-pleurs devient elle-m\u00eame une dramaturgie. Une dramaturgie qui met en friction nos param\u00e8tres de ce qui serait une bonne sc\u00e8ne th\u00e9\u00e2trale, de ce qui serait le bon rythme, de ce qui serait le bon texte, etc.
\nMay he rise<\/i>\u00a0est en d\u00e9finitive tout un univers d\u2019exp\u00e9rimentation artistique o\u00f9 le corps bouge autrement, o\u00f9 le son danse, o\u00f9 l\u2019esprit voyage, o\u00f9 le chant-lamentation arrive \u00e0 tous…
\n(la suite de la critique en portugais)
\nAli Chahrour \u00e9 um core\u00f3grafo liban\u00eas nascido em 1989 formado em artes c\u00eanicas pela Universidade Libanesa. Ele j\u00e1 esteve presente no Festival de Avignon em duas ocasi\u00f5es anteriores apresentando Fatmeh e Le\u00efla.
Em cena, vemos uma mulher e tr\u00eas homens. Ela (Hala Omran) canta, ela grita, ela explora sua capacidade vocal de in\u00fameras maneiras (sobretudo em rela\u00e7\u00e3o a sua capacidade de alongar as frases de rezas mul\u00e7ulmanas, as quais se transformam consequentemente em cantos).
\nVemos tamb\u00e9m tr\u00eas homens. Dois deles (Ali Hout e Abed Kobeissy) encarregados principalmente dos instrumentos de corda e de percuss\u00e3o t\u00edpicos do L\u00edbano, enquanto o terceiro (o core\u00f3grafo Ali) algumas vezes dan\u00e7a, outras vezes toca.
\nDe uma maneira geral, todos os quatros artistas se baseiam na exaust\u00e3o gerada pela repeti\u00e7\u00e3o dos gestos e das sonoridades, gerando desta forma um ambiente que se dirige ao ritual.
\nAssim, por exemplo, h\u00e1 um momento em que os dois artistas m\u00fasicos tocam seus instrumentos, o outro faz movimentos com o corpo que remetem \u00e0 dan\u00e7a do ventre, enquanto a mulher canta. Os quatros gradativamente aumentam o ritmo desse momento, permanecendo assim durante bons minutos at\u00e9 sentirem dores nas m\u00e3os, no corpo… Eles insistem nisso, o que os faz questionar os limites do corpo, ao mesmo tempo que interrogam o que seria uma\u00a0transe c\u00eanica<\/i>(j\u00e1 que em nenhum momento eles tentam imitar ou representar um ritual de transe).
\nTalvez n\u00e3o seja apropriado em denominar\u00a0May he rise<\/i>\u00a0categoricamente de \u00ab\u00a0cena ritual\u00a0\u00bb\u00a0: o mais adequadro seria de perceb\u00ea-lo como uma busca do que seria a ess\u00eancia do elemento ritual na cena. O que, nesse caso, passa pelo dispositivo da repeti\u00e7\u00e3o\u00a0; da repeti\u00e7\u00e3o, o estado de transe \u00e9 sugerido.\u00a0
N\u00e3o se trata de gostar ou de n\u00e3o gostar do trabalho encabe\u00e7ado por Ali Chahrour. Sua proposta \u00e9 de nos interrogar, de interrogar nossa capacidade de escuta do outro. Uma escuta que ao inv\u00e9s de passar pelo entendimento dos signficados das palavras ditas, passa pelo som em estado puro. O som de lamento t\u00e3o fortemente exprimido pela atriz francesa-siria Hala Omran, esse choro de lamento transformado em m\u00fasica, chega de uma maneira ou de outra a todos(as) n\u00f3s.
\nNum Festival que tem deixado cada vez menos espa\u00e7o para trabalhos experimentais que se arriscam ao desconhecido,\u00a0Men he rise<\/i>\u00a0se torna um sopro de vivacidade. Mesmo que se trate de um sopro de melancolia, de um sopro sofrido.
\n